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Nos amamos porque Deus primeiro nos amou

Desde 1971, inspirado nos novos ares do Concílio Vaticano II, o mês de setembro tornou-se referência para estudo e contemplação da Palavra de Deus. Neste setembro de 2019, todas as pessoas e comunidades cristãs são convidadas a refletir e inspirar a caminhada na Primeira Carta de João: Carta do Discípulo Amado às Primeiras Comunidades Cristãs, a nós e às Comunidades cristãs da atualidade. O lema é: “Nos amamos porque Deus primeiro nos amou”1 Jo 4,19. O tema central é a defesa da vida, “para que Nele nossos povos tenham vida”.

Como na atualidade, as primeiras Comunidades Cristãs, viviam tempos difíceis no meio a muitas perseguições, violências, divisões internas. O contexto era tremendamente adverso: imperialismo romano super explorava o povo submetido ao regime de escravidão – 1/3 das pessoas de um império com 60 milhões de habitantes não eram consideradas pessoas, mas coisas/mercadorias –, contexto de violentação do povo também pela exploração tributária – quem mais pagava impostos embutidos em tudo o que se comprava eram os pobres. As instituições religiosas eram o Judaísmo rigorista, fundamentalista e moralista ou as religiões mistéricas ou as religiões imperiais pagãs.

A caminhada histórica das Comunidades Cristãs não foi fácil. Desde a origem baseada na experiência da ressurreição de Jesus Cristo, a vida nas catacumbas fugindo da perseguição romana até serem espalhadas pela Diáspora, entre os gentios, considerados pagãos, na Ásia Menor, após serem expulsas da Sinagoga na década de 80 do século I. Por volta do ano 100 depois de Cristo, foram escritas as Cartas “joaninas” por um coordenador de comunidade, em Éfeso, buscando avivar a fé das Comunidades Cristãs do Discípulo Amado. Em meio as dificuldades, perseguições, tiveram a sabedoria, a coragem e o discernimento para se manter unidas e perseverantes na caminhada, fiéis a Jesus Cristo.

A realidade do nosso dia a dia, revelada nos noticiários, mostra que também nós vivemos um tempo perigoso, de grandes transformações no Brasil e no mundo. O poder da mídia tradicional está sendo minado pela mídia alternativa que são terreno fácil para as fake news (falsas notícias) fomentando ódio e discriminações, ficando difícil saber onde está a verdade. Os fundamentalismos religiosos, políticos, sociais proliferam e nos dividem entre nós e eles, anjos e demônios, certos e errados, direita e esquerda...

As igrejas que deveriam iluminar a realidade são tomadas pelo moralismo, se tornam muitas vezes, religiões sem Deus, cristianismo de salvação, de libertações. A teologia da prosperidade cresce muito em igrejas eletrônicas assim como o neo pentecostalismo tanto dentro da Igreja Católica como em uma infinidade de outras igrejas. O medo do futuro, as profecias aumenta a busca insaciável de bênçãos, de procissões, de peregrinações, de necessidade de expiação.

Pela utopia do reino de Deus testemunhado por Jesus Cristo e também por necessidade, as Comunidades do Discípulo Amado buscavam colocar em prática um Projeto de vida que se pautava por quatro aspectos entrelaçados: amor, justiça, solidariedade e fraternidade. Em 1 Jo 1,1-2,28, vemos que as pessoas das Comunidades do Discípulo Amado buscavam andar na luz, porque “Deus é luz” (1 Jo 1,5). Sim, Deus é luz, mas não é só luz; Deus é também justiça, é amor. Por isso na parte de 1 Jo 2,29-4,6 vemos que andar na luz implica viver na justiça, na sol;idariedade, fraternidade, amor.

Importante notar que eram várias e diferentes comunidades do discípulo amado, não apenas uma. Nós também, mesmo participando de comunidades diferentes, precisamos estar em comunhão, em sintonia com projeto do Evangelho de Jesus Cristo que quer vida e liberdade em abundância para todos/as e para todos os seres vivos. (Cf. Jo 10,10). Que o Espírito do Senhor nos ilumine a caminhada, como cristãos, brasileiros!

Maria Joana Titton Calderari - majocalderari@yahoo.com.br
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