“A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua messe” (Mt 9,36-38). As vocações que nascem do Amor e são para o amor, resultam das orações da Igreja, porém não basta rezar e pedir, é necessário cuidar.

Cuidar é preciso, pois para responder o chamado de Deus não é necessário ser perfeito. As fragilidades e limites humanos, com efeito, não são obstáculos, mas contribuem para que o vocacionado reconheça a necessidade da graça redentora de Cristo.

Ninguém é chamado por merecimento (cf. LG, 40). “Eu me gloriarei das minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim” (2Cor 12,9). É o encontro com Cristo que transforma o coração do homem (cf. DCE, 1), dando-lhe capacidade para responder a Deus e servir os irmãos.

Na intenção de implementar esse cuidado com as vocações, o Papa Pio XII criou em 1941 a chamada Pontifícia Obra para as Vocações Sacerdotais. A partir dela muitas outras obras vocacionais foram sendo fundadas pelos bispos em suas dioceses, dentre elas a Pastoral Vocacional.

Cuidar das vocações corresponde a pedagogia de Jesus que no evangelho chama os discípulos a segui-lo e os educa com amor e solicitude (cf. Lc 10,9). Chamou-os a serem pescadores de homens (cf. Mt 4,19) e os educou com a palavra e a vida, de modo a estarem prontos a continuar sua obra.

Jesus convida a estar na sua amizade, escutar sua Palavra, e dedicar-se totalmente a Deus e ao anúncio do Reino (cf. Mc 3,13-19). Como o grão de trigo que deve morrer para dar fruto (cf. Jo 12,24) o vocacionado é convidado a sair de sua vontade fechada para dedicar-se à vontade de Deus.

O Senhor não deixa de chamar discípulos para partilhar de sua missão e servir a Igreja. Cumpre então reconhecer que a mesma Igreja é responsável de proteger esse dom, amá-lo, cuidá-lo, não só no seu nascimento, mas em todo o processo de sua maturação (cf. PDV, 41).

É, portanto, dever da comunidade cristã e de cada fiel em particular, assumir o compromisso de promover e cuidar das vocações (cf. OT, 2). Isso se dá pelo apoio àqueles que mostram sinais de vocação, de tal maneira que sintam o entusiasmo da comunidade quando dizem o seu sim a Deus.

Tal cuidado pelas vocações se dá nas orações e no apoio pessoal, mas também com o dízimo do qual uma porcentagem é destinada a manter as obras vocacionais nos seminários da diocese. Também acontece pela campanha de mantimentos e outras promoções que revelam o amor pelas vocações.

O cuidado vocacional também se dá na pastoral. Na catequese, no grupo de coroinhas, nos encontros do pós-crisma e da juventude é preciso tratar do tema vocação. Assim os jovens descobrirão que a vontade de Deus não os anula, mas permite encontrar a verdade mais profunda de si mesmos.

A vocação também precisa ser acompanhada no cultivo da oração pessoal e litúrgica, na familiaridade com a Escritura e a leitura orante da Palavra. Se os grupos vocacionais, os seminários e casas religiosas, as pastorais e as famílias assim fizerem, contribuirão muito para a maturação das vocações.

Todos esses cuidados são sinais da vitalidade de uma Igreja particular. Promover as vocações significa ter a coragem e disposição para acompanhar esse caminho exigente do seguimento de Cristo, que envolve toda a vida, pois vocação na verdade é isso: seguimento de Cristo!

Quanto aos que já responderam a esse chamado e servem a Igreja por um ministério específico, especialmente os sacerdotes, cumpre reconhecer que o testemunho de comunhão com o bispo e os irmãos presbíteros fecundam ainda mais as novas vocações sacerdotais (cf. RF, 129).

Maria, modelo de discípula missionária, dócil ao chamado de Deus, interceda pela Igreja para que em cada comunidade haja quem se disponha dizer sim ao Senhor, pois Ele não cessa de renovar entre nós o seu chamado: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4,19).