A IV Conferência geral do episcopado latino-americano foi celebrada em Santo Domingo, na República Dominicana, em outubro de 1992, treze anos após Puebla, no México. O tema central das reflexões foi “Nova Evangelização, Promoção Humana e Cultura Cristã”. Com “Nova Evangelização” se pretendia afirmar que o labor missionário requeria conversão pessoal e pastoral por parte da Igreja e dos missionários evangelizadores, a fim de que mediante o testemunho de uma Igreja fiel à sua identidade, os homens e os povos pudessem continuar a encontrar Jesus Cristo e nele a sua verdadeira vocação e caminho para uma humanidade melhor.
Já no discurso inaugural da conferência o papa João Paulo II deu a entender qual era o papel do presbítero dentro deste contexto: “condição indispensável para a Nova Evangelização é poder contar com evangelizadores numerosos e qualificados. Por isso, a promoção das vocações sacerdotais e religiosas deve ser uma prioridade dos bispos e um compromisso de todo o povo de Deus” (DI, n. 26). Assim se reafirmava o que as conferências anteriores já haviam pedido acerca da promoção vocacional em uma realidade cada vez mais desafiadora e que sofria com a escassez de vocações e um número insuficiente de pastores em relação à demanda evangelizadora.
Os bispos compreenderam bem o apelo da realidade latino-americana e para inculturar o Evangelho naquela atual situação do continente, pensaram em meios, ações e atitudes para pôr este Evangelho em diálogo com a cultura e a modernidade. Um destes meios era a indispensável promoção e valorização de vocações oriundas de ‘culturas específicas’, tais como afrodescendentes e indígenas, como meio eficaz para que os pastores conseguissem compreender e dialogar com a realidade dos povos e anunciar-lhes o evangelho de Cristo, uma vez que a evangelização de 500 anos atrás, na descoberta do Novo Mundo (América) não fora tanto marcada pelo diálogo com a cultura.
Por esses motivos, o documento conclusivo de Santo Domingo, quando trata a respeito da formação sacerdotal, pede uma séria revisão da orientação do trabalho formativo, que parte dos seminários, para corresponder às exigências da Nova Evangelização, com aplicações concretas nos campos de promoção humana e da enculturação do Evangelho. Trata-se, portanto, de uma séria formação integral, na qual se dá especial atenção àqueles candidatos que vem de cultura indígena e afro americanas, e à família que é a primeira comunidade evangelizadora, e que deve ser acolhida pelos bispos, párocos e comunidades religiosas em uma autêntica e séria pastoral familiar (cf. SD, n. 64).
Antes de Santo Domingo, João Paulo II havia publicado a Ecclesia in America (1999). Ali já se referia à importância da Pastoral Vocacional, ao cultivo dos ambientes onde nascem as vocações, e a responsabilidade que tem os bispos e presbíteros de estimular as vocações com o convite explícito, mas, sobretudo, com o testemunho da alegria, do entusiasmo e da santidade de vida (EA, n. 40). Para o santo Padre, os bispos e presbíteros como autênticos formadores devem promover nos candidatos ao sacerdócio a observação crítica da realidade para que sejam capazes de discernir os valores e contra-valores da cultura, condição indispensável para estabelecer um diálogo construtivo com o mundo.
Por fim, se pode dizer que Santo Domingo, no que tange a formação sacerdotal, destacou ainda a importância da espiritualidade de comunhão que deve ser vivida nos seminários, bem como o acompanhamento fiel da parte dos formadores para que os seminaristas adquiram adequada maturidade afetiva, sólida preparação intelectual, e formação inculturada. Disso veio orientação para que os bispos procurassem ser rigorosos na seleção dos formadores nos seminários, aproveitando para isso os cursos oferecidos pelo CELAM e outras instituições, buscando assegurar a presença de uma equipe formadora bem preparada antes de abrir um seminário (cf. SD, n. 84).
Ao desejar a todos os leitores do Jornal Servindo um feliz e abençoado 2017, reafirmo o pedido para que não cessem de rezar pelos nossos seminaristas, e que façam preces por nós formadores, a fim de que a graça divina nos preceda na tarefa de formar os futuros pastores de nossa tão querida diocese de Campo Mourão. Que Deus os abençoe!