1. A V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, foi convocada pelo papa João Paulo II e posteriormente inaugurada pelo Papa Bento XVI, no dia 13 de maio de 2007, em Aparecida, no Brasil. O tema refletido pelo episcopado latino-americano e caribenho foi “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida”, fortemente inspirado no evangelho de João, que deu o lema desta conferência: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6).
2. A respeito da formação inicial ao sacerdócio, de imediato vale destacar que Aparecida retomou alguns dos principais documentos da Igreja sobre a formação presbiteral, dando a eles um enfoque fortemente discipular, correspondendo assim com a temática da conferência. São citados importantes documentos, tais como: A exortação apostólica Pastores Dabo Vobis (1992); o Diretório para o clero; as Orientações para a educação no celibato sacerdotal (1974), a Carta circular sobre alguns aspectos mais urgentes da formação espiritual nos seminários (1980); a Ratio fundamentalis (1985); as Diretrizes sobre a preparação dos formadores no seminário (1993); o Documento informativo sobre o período Propedêutico (1998); e a Instrução sobre os critérios de discernimento vocacional em relação a pessoas com tendências homossexuais antes da admissão ao Seminário e as ordens sagradas (2005). Essas referências tomadas a partir de uma interpretação discipular, indicam o quanto Aparecida teve em conta a importância da formação sacerdotal na América Latina.
3. No que tange a abordagem dos bispos sobre a formação inicialdos futuros presbíteros, o documento final da V Conferência fala do lugar privilegiado que tem a pastoral vocacional na vida da Igreja. Precisamente por isso, os bispos recomendaram a promoção e o cultivodos ambientes onde nascem as vocações, sobretudo ao sacerdócio, tais como o ambiente familiar (cf. DA, n. 303) e as pequenas comunidades eclesiais (cf. DA, n. 85). De suma importância é também o cuidadoso acompanhamento dos processos vocacionais (cf. DA, n. 314), tendo a certeza “de que Jesus segue chamando discípulos e missionários para estar com Ele e para enviá-los a pregar o Reino de Deus” (cf. DA, n. 315).
4. Aparecida afirma que antes mesmo do ingresso ao Seminário, é necessário propor aos jovens “o encontro com Jesus Cristo vivo e seu seguimento na Igreja que lhes garante a realização plena de sua dignidade de ser humano, e que os estimule a formar sua personalidade e lhes proponha uma opção vocacional específica” (cf. DA, n. 446c). Neste sentido, se repropõe que o critério de seleção para o Seminário deve ter em conta, entre outras fatores e requisitos, o equilíbrio psicológico do aspirante, sua motivação genuína de amor a Cristo e à Igreja e uma adequada capacidade intelectual, de tal maneira que os candidatos ao presbiterado tenham uma personalidade sadia, no intuito de poderem responder com eficácia aos desafios apresentados pelo mundo e a cultura atual no continente latino-americano. Já na vida do seminário esse encontro pessoal com Jesus Cristo deve ser fortalecido com a oração, a vida em comunhão e o serviço aos mais pobres (cf. DA, n. 319).
5. Segundo destaca o documento de Aparecida, o seminário é um espaço privilegiado, escola e casa para a formação de discípulos e missionários. Ali os seminaristas compartilham a vida, a exemplo da comunidade apostólica ao redor de Cristo Ressuscitado. Isto acontece de maneira preeminente na oração em comum, na celebração da Eucaristia, na vivência fraterna, no estudo sistemático da Palavra de Deus, e no serviço pastoral (cf. DA, n. 316). Nas casas de formação da diocese de Campo Mourão, a título de exemplo, a oração das horas, o santo terço, a formação bíblica, a celebração eucarística e as demais formações em nível espiritual e humano são vivenciadas sempre em comunidade, e também os seminaristas partilham por igual, entre si, os recursos que recebem como apoio vindo de suas comunidades de pastoral. De maneira simples, assim buscam viver esta fraternidade que se dá em torno de Jesus Cristo no ambiente formativo.
6. No campo específico da comunhão, os bispos em Aparecida afirmaram que os formandos devem assumir as exigências da vida comunitária, a qual por sua vez implica testemunho de diálogo, de capacidade de serviço, de humildade e valorização dos carismas alheios, de disposição para deixar-se interpelar pelos demais, de obediência ao bispo e aos formadores, de abertura ao crescimento na comunhão missionária com os presbíteros, diáconos, religiosos e leigos, servindo assim a unidade que deve crescer na diversidade da Igreja, em seus dons e carismas suscitados nela pelo Espírito Santo (cf. DA, n. 324).
7. A fim de favorecer esse vínculo mais estreito de fraternidade entre bispo, presbíteros e diáconos com os formandos, além do trabalho pastoral semanal, em nossa diocese duas vezes por ano os seminaristas realizam trabalho missionário em paróquias diferentes, a fim de conviverem e conhecerem as comunidades diversas, suas necessidades, e aprenderem do trabalho pastoral dos padres e diáconos. Além disso, em cada ano se promove a convivência dos seminaristas com o clero, para que cresça não somente o conhecimento, mas também o acolhimento e estima entre eles. De fundamental importância é também a visita pastoral que o bispo, a cada período de tempo realiza nas casas de formação para conhecer, conviver e formar os seus futuros presbíteros. Neste aspecto, afirmamos o quanto é importante e bem-vinda a visita dos padres aos nossos seminários, uma vez que os presbíteros são exemplos e referências de vida e ministério para nossos seminaristas.
8. Por fim, irmãos e irmãs, a todos vocês continuamos a pedir orações em favor da vida e vocação de nossos seminaristas e sacerdotes, a fim de que sejamos, de fato, discípulos e missionários de Jesus Cristo na vida da Igreja, segundo a proposta do Evangelho e da conferência de Aparecida.
Março de 2017