Nos textos anteriores falamos sobre os primeiros desenvolvimentos da vida religiosa na região que atualmente compreende a Diocese de Campo Mourão. Destacamos o trabalho evangelizador do Pe. Aloysio Jacobi como instância primordial à instalação da Paróquia São José, posteriormente transformada em Catedral diocesana.

A demanda no atendimento pastoral desta região paranaense cresce cada vez mais. Multiplicam-se os povoados e suas capelas. Gradualmente a Paróquia São José torna-se responsável por uma constelação imensa de comunidades rurais e distritais. O intenso fluxo migratório identificado nos albores da década de 1950 encarrega-se de configurar radicalmente a feição da vasta região centro-oeste do Paraná.

Prova da notável expansão vigente à época é o seguinte registro feito por Pe. Aloysio ao raiar de 1950: “Mil novecentos e cinquenta, ano de grandes esperanças. Primeira vez na história do Campo Mourão que três Padres estão junto, e foi no primeiro de janeiro; o Vigário, P. Martinho Stein e P. Bruno Walter S.V.D. No meio muita missa solene com acompanhamento de violino. P. Bruno ficou doente no mesmo dia, pneumonia. Em 10 dias o médico restabeleceu ele de novo” (Livro Tombo I, Arquivo Diocesano – arq. 01, est. 18, fl. 45).

Relendo o relato contido no Livro Tombo I da Paróquia São José, podemos organizar sinteticamente os acontecimentos relativos ao ano de 1950 da seguinte forma:

4-20 de janeiro de 1950: Viagem Pastoral do Pe. Aloysio Jacobi por Campina, Roncador e Estiva.

25-30 de janeiro de 1950: Viagem Pastoral em Araruna.

14 de fevereiro de 1950: Chegada das três primeiras Irmãs Vicentinas a Campo Mourão.

6-18 de fevereiro de 1950: Viagem Pastoral por Mamborê.

19 de março de 1950: Festa de São José.

7 de maio de 1950: Festa de Santa Cruz com a inauguração do Instituto Santa Cruz.

11-17 de maio de 1950: Viagem Pastoral por Araruna.

12-14 de junho de 1950: Viagem Pastoral por Mamborê.

14 de agosto de 1950: Festa em Roncador para construção da nova igreja.

21-26 de agosto de 1950: Viagem Pastoral por Peabiru, Rio Claro e Vila Rica.

17 de agosto de 1950: Inauguração da luz em Campo Mourão.

24-28 de agosto de 1950: Visita do Provincial da Congregação do Verbo Divino, Pe. Alexandro Jansen.

7 de setembro e 1950: Festa de Nossa Senhora Aparecida.

Os fatos acima elencados não esgotam o intenso trabalho desenvolvido no ano de 1950. Com efeito, este ano foi muito importante para o catolicismo em virtude da celebração do Jubileu universal. O marco inicial do Jubileu consiste na abertura da Porta Santa localizada na Basílica de São Pedro, em Roma. Na noite de Natal de 1949 o Papa Pio XII presidiu a cerimônia de abertura. Dom Manoel Köenner, prelado de Foz do Iguaçu, foi a Roma participar dos festejos jubilares, conforme anotou Pe. Aloysio no Livro Tombo I da Paróquia São José (fl. 48).

Além disso, o ano de 1950 contempla também a proclamação do dogma da Assunção de Maria ao céu, ocorrida em 1º de novembro. Segundo consta nas estimativas, cerca de quinhentos mil fiéis e 622 bispos presenciaram a definição dogmática. Enfim, ponderando a dinâmica religiosa referente a 1950 Pe. Aloysio Jacobi concluiu a presença de 30.000 mil católicos e 3.000 não católicos em Campo Mourão” (Livro Tombo I, Arquivo Diocesano – arq. 01, est. 18, fl. 48v). A intensificação da vida religiosa mourãoense e as contínuas exigências do apostolado contribuíram enormemente para a futura criação e instalação da Diocese de Campo Mourão em 20 de junho de 1959 e 23 de abril de 1960 respectivamente.

Pe. Alfredo Rafael Belinato Barreto
Arquivista da Diocese de Campo Mourão